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10 razões para visitar Castro Laboreiro

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Castelo Castro Laboreiro
Castelo de Castro Laboreiro. Por amaianos

“Castro Laboreiro chega sem avisar, numa volta da estrada. Há ali umas casas novas, e depois a vila com o seu trajo escuro de pedra velha.” É assim que José Saramago começa por descrever esta vila do concelho de Melgaço no seu livro de 1981 Viagem a Portugal.

A visita do escritor foi curta e fugaz, mas houve tempo para apreciar a igreja com os seus “restos românicos da antiga construção”, o castelo na “sua grande altura”, e até para tirar uma fotografia a duas crianças que brincavam na rua e que ficaram conhecidas como “as meninas de Castro Laboreiro”.

Há muito mais para descobrir em Castro Laboreiro. Situado a mais de mil metros de altitude, este lugar tem características únicas. A vila está dividida em diferentes tipos de lugares: as brandas e as inverneiras de origem castreja, que são utilizadas consoante o clima que se faz sentir. As inverneiras, como o nome indica, estão nas encostas escondidas ao vento norte da Serra da Peneda e são utilizadas no inverno. Já as brandas são habitação durante os meses mais quentes.

Este esquema adaptado ao clima é de alguma forma comum em zonas de alta montanha. O que torna Castro Laboreiro um caso único e especial é o facto de as brandas serem consideradas a primeira habitação. As pessoas viviam aqui entre fevereiro/março e o final de outubro, deslocando-se depois para as inverneiras.

Conheça algumas das razões porque tem mesmo que visitar este lugar cheio de encanto e com umas vistas espetaculares do Parque Nacional da Peneda-Gerês.

1. Castelo de Castro Laboreiro

Castelo de Castro Laboreiro
Por Joseolgon

O pequeno trilho até ao castelo parte da vila e é muito agradável pelas vistas sobre o vale e as serras, mas o caminho para lá chegar não é fácil. A 1033 metros de altitude, a imponência e beleza da paisagem faz valer a pena cada gota de suor. 

Da antiga fortificação medieval, quase em ruínas, é possível identificar restos das muralhas, a torre de menagem e uma velha cisterna. A porta principal, designada Porta do Sol, é visível do lado nascente, enquanto a Porta da Traição ou do Sapo, no lado norte, dá acesso ao terreiro interior. 

A história deste local começou na Idade do Ferro, sendo mais tarde aqui construída a fortaleza, a mando de D. Afonso Henriques. O castelo foi severamente danificado perante a invasão de tropas do reino de Leão. Mais tarde, D. Dinis mandou reconstruí-lo.

Apesar do mau estado em que se encontra atualmente, provocado pelo passar dos séculos, visitar o Castelo de Castro Laboreiro é uma experiência a não perder, principalmente pelas vistas sobre o Parque Nacional da Peneda-Gerês.

2. Ponte da Cava da Velha

Ponte da Cava da Velha
Por Joseolgon

Também conhecida como Ponte Nova, esta é uma das várias pontes romanas que se ergue sobre o rio Laboreiro. Acredita-se que foi originalmente construída por volta do século I e mais tarde, na época medieval, foi adaptada e transformada numa ponte com tabuleiro em cavalete e dois arcos.

Desta construção medieval pode-se ainda vislumbrar o pavimento composto por grandes lajes e guardas de cantaria que ligam, dos dois lados, a uma calçada romana. Localizada nas proximidades da inverneira de Assureira, é importante salientar a incrível paisagem em que esta ponte está enquadrada.

3. Cascata de Castro Laboreiro

Cascata Castro Laboreiro
Por MariaCartas

Esta queda de água é formada pelas águas do rio Castro Laboreiro que atravessa um acentuado desnível e precipita-se do cimo de altas fragas rochosas num mar de espuma branca numa piscina natural.

Perto da cascata existem vários vestígios megalíticos e, não muito longe, fica a fronteira com Espanha. Esta cascata encontra-se a sul da Ponte Velha e pode ser vista do cimo das muralhas do Castelo de Castro Laboreiro.

4. Ponte Velha de Castro Laboreiro

Ponte Velha de Castro Laboreiro
Por Nmmacedo

Localizada à saída do centro da vila, a Ponte Velha ou Ponte dos Mouros de Castro Laboreiro servia como ponto de passagem do rio Laboreiro para aqueles que vinham de Rodeiro, na província espanhola de Pontevedra, e dos portos e seguiam para o castelo. Serviu sobretudo para dar acesso aos moinhos existentes nas margens da linha de água.

Construída em alvenaria de granito, com tradição arquitetónica medieval do período românico, a Ponte Velha é caracterizada pelo seu tabuleiro estreito e cavalete pouco pronunciado, erguido sobre um único arco de volta perfeita. Atualmente, está integrada no Trilho Interpretativo de Castro Laboreiro, desenvolvido pelo Parque Nacional da Peneda-Gerês.

5. Núcleo Museológico de Castro Laboreiro

Centro Museológico de Castro Laboreiro
Fonte: Câmara Municipal de Melgaço

Como maior e mais antiga freguesia do concelho de Melgaço, Castro Laboreiro tinha que ter um museu que preservasse e promovesse a sua rica história e etnografia. É na sede da antiga Fábrica de Chocolates de Caravelos que atualmente se pode visitar o Núcleo Museológico de Castro Laboreiro.

Quem por aqui passa fica a conhecer a cultura castreja, a paisagem e as vivências locais, e um vasto espólio de documentos fotográficos e documentários sobre a freguesia. Não falta também informação sobre as brandas e inverneiras, um dos sistemas de ocupação do território mais interessantes do nosso país.

Contígua ao edifício principal do museu, existe ainda uma casa castreja transformada em museu, onde é possível ter uma ideia do que seria viver numa habitação regional na segunda metade do século XX.

6. Igreja Matriz

Igreja Matriz de Castro Laboreiro
Por Joseolgon

Também conhecida como Igreja de Santa Maria da Visitação, neste templo é possível antever vestígios da sua construção primitiva, com elementos pré-românicos e góticos, mas também alguns elementos que denunciam as profundas reformas que sofreu e que denotam influências galegas.

Situada num adro murado e elevado, a igreja possui uma austera fachada de granito, resultante da sua remodelação setecentista. No seu lado esquerdo, ergue-se a torre sineira, com uma campanha construída também no século XVIII e outra de estilo gótico, tal como os contrafortes do exterior que pertencem ao mesmo período. No telhado destaca-se ainda um relógio de sol, com as horas em numeração romana.

7. Ponte de Dorna

Ponte de Dorna
Por Maria Cartas

À semelhança do que aconteceu com muitas outras pontes históricas da região de Castro Laboreiro (Assureira, Cava da Velha ou Varziela), também a Ponte de Dorna terá sido inicialmente construída na época romana, sucedendo-lhe uma intervenção de consolidação estrutural na Baixa Idade Média.

Durante o período romano, o lugar de Dorna era atravessado por uma estrada que ligava a Portela do Homem a Terra-Chã, na Galiza, e à povoação de Mareco, em Castro Laboreiro, via que cruzaria a ribeira da Dorna neste preciso local. A hipótese de, na origem, a ponte ter sido romana é ainda reforçada pelo acesso através de duas curvas, enquadramento típico do período de domínio romano.

8. Aqueduto de Pontes

Aqueduto de Pontes
Por JotaCartas

O aqueduto de Pontes trata-se de um aqueduto de rega de curta extensão, assente sobre pilares de granito, que terá sido edificado nos anos 1940. O aqueduto atravessa um importante caminho de ligação entre brandas e inverneiras, por isso junto ao aqueduto ergue-se um cruzeiro simples, também em granito, com um pedestal quadrangular sobre o qual assentam umas alminhas e uma cruz latina.

Ainda próximo, a norte, erguem-se outras alminhas de labor grosseiro, talhadas num bloco granítico no qual se rasgou um pequeno nicho encimado por um cruz latina em alto-relevo.

9. Fornos Comunitários

Forno comunitário de Pontes
Forno comunitário de Pontes. Por Maria Lemos

Os fornos comunitários fazem parte da cultura castreja e eram usados pelos habitantes locais para cozer pão de centeio e trigo, as chamadas broas ou boroas. Três desses fornos estão referenciados pelo Instituto de Gestão do Património Arquitetónico e Arqueológico: o de Campelo, o de Pontes e o da Ameijoeira, este último ainda hoje é utilizado pelos habitantes.

10. Gastronomia 

Cabrito assado
Cabrito assado. Por MiguelG.

Outra das riquezas de Castro Laboreiro é a gastronomia. Um dos pratos típicos da vila é o bife de presunto. Mas também é essencial provar o cabrito assado no forno, a posta de cachena, a chanfana, sarrabulho ou grelos com rojões. Não deixe também de provar o fumeiro artesanal de Castro Laboreiro.

Quanto à sobremesa, o bucho doce é um dos doces mais tradicionais da região de Melgaço. Tradicionalmente, este doce regional era confecionado dentro do bucho do porco. Hoje em dia, a receita do bucho doce, cuja forma é semelhante a de um pão, é recriada com recurso a panos de linho, sendo apreciada e saboreada com várias coberturas, desde mel a compotas.

E se a tudo isto lhe juntarmos um leve e fresco vinho Alvarinho, temos um banquete perfeito que o vai deixar com água na boca para repetir a viagem até Castro Laboreiro.

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