A região do Algarve é muito conhecida, tanto em Portugal como além-fronteiras, pelas suas incríveis praias de extensos areais e águas cristalinas. Mas, fora dos circuitos mais turísticos, existe um paraíso por descobrir onde a fauna e a flora coexistem em perfeita harmonia: o Parque Natural da Ria Formosa.
Reserva natural desde 1978, a Ria Formosa é uma zona húmida situada entre o mar e a costa do Algarve e é uma das mais belas preciosidades naturais da região, tanto pela diversidade dos seus habitats como pela sua peculiar localização.
Eleita, em 2010, uma das 7 Maravilhas Naturais de Portugal, a Ria Formosa é um vasto ecossistema que se estende por uma área de cerca de 18 mil hectares, ao longo de 60 quilómetros, desde a Península do Ancão até à Manta Rota, abrangendo os concelhos de Loulé, Faro, Olhão, Tavira e Vila Real de Santo António.
Protegido por um cordão dunar arenoso litoral, o Parque Natural da Ria Formosa inclui uma grande diversidade de ecossistemas: ilhas, praias, dunas, sapais, bancos de areia, salinas, lagoas, canais. Isto propicia também uma enorme variedade de flora e de fauna, incluindo numerosas espécies de aves, como a galinha-sultana, símbolo do parque.
Longe das multidões, as cinco ilhas quase secretas que servem de barreira entre o mar e a Ria Formosa são o cenário ideal para um verão tranquilo e paradisíaco. Descubra o lado mais selvagem da costa algarvia.
1. Ilha da Barreta
Sendo umas das poucas ilhas da Ria Formosa que, historicamente, não regista ocupação permanente, a Barreta tornou-se conhecida entre pescadores como “A Deserta”. Com cerca de 10 quilómetros de comprimento e apenas 700 metros na sua maior largura, a ilha da Barreta é um pequeno paraíso pouco frequentado.
Para além das cabanas de arrumos dos pescadores, um restaurante e um passadiço que percorre a ria até ao lado mar, aqui só encontramos areias douradas e águas quentes e cristalinas. Intocada ao longo de muitos anos, a sua biodiversidade e beleza natural são surpreendentes. É possível chegar até à ilha da Barreta através do serviço regular de barcos a partir de Faro ou em barco-táxi.
2. Ilha da Culatra
Com sete quilómetros de extensão, a ilha da Culatra é habitada durante todo o ano, maioritariamente por pescadores e pelas suas famílias. Os habitantes da ilha distribuem-se por três povoações: Farol, Hangares e Culatra. Enquanto o Farol e a Culatra nasceram com a chegada de pescadores das terras em volta, curiosamente Hangares era a base dos hidroaviões que vigiavam a costa sul.
Acessível apenas por barco, as suas águas transparentes proporcionam uma visibilidade de cerca de 15 metros, perfeita para os praticantes de mergulho. O areal extenso convida ao descanso e à tranquilidade.
3. Ilha da Armona
A poucos minutos de barco da cidade de Olhão é possível usufruir de momentos de tranquilidade e mergulhar nas águas cristalinas da ilha da Armona. Com mais de seis quilómetros de extensão, esta ilha apresenta tanto praias voltadas para a ria como para o mar.
Com parque de campismo e bastante oferta de alojamento particular, a ilha da Armona é uma das ilhas mais frequentadas da Ria Formosa. Apesar disso, na ilha não circulam carros para além de veículos de emergência e limpeza.
A ocidente encontramos a praia da Armona, enquanto que, no extremo leste da ilha, em frente à povoação da Fuseta, fica a praia com o mesmo nome. Na linha oposta ao mar, é muito comum ver os mariscadores na apanha de bivalves, atividade a que se juntam também muitos turistas na mudança das marés.
4. Ilha de Tavira
A ilha de Tavira oferece uma enorme extensão de areal – 11 quilómetros -, águas tranquilas e infraestruturas de praia, incluindo um parque de campismo. Por isso, esta ilha é muito procurada pelos turistas. Os sapais e pequenos canais da Ria Formosa adjacentes à ilha constituem ótimos locais para a observação e estudo de aves marinhas.
A ilha possui quatro praias: a praia de Tavira, a praia da Terra Estreita, a praia do Barril e a praia do Homem Nu. Na região ocidental da praia do Barril é comum a prática de naturismo. O acesso à ilha é feito através de barcos que partem de Tavira ou do cais das Quatro Águas. Pode também chegar à praia do Barril a pé por uma ponte que se situa junto a Pedras D’El Rei ou pelo comboio turístico que parte do mesmo lugar.
5. Ilha de Cabanas
Começou por chamar-se ilha da Abóbora, mas já na altura a ilha de Cabanas fazia parte do areal que ia desde a Fuzeta até Cacela Velha. Até ao final do século XX ainda era possível chegar à ilha a pé durante a maré vazia mas, depois do reforço do sistema dunar, tal tornou-se complicado.
Toda a ilha consiste num extenso cordão litoral arenoso, cujas formações dunares se encontram revestidas de vegetação endémica e servem de habitat a várias espécies. Com apenas 70 metros de largura, a ilha tem cerca de sete quilómetros de comprimento.
O acesso preferencial à ilha é feito de barco e a viagem demora poucos minutos, uma vez que o braço de ria que separa a ilha da margem continental é bastante curto.
Cacela Velha e a sua herança moura
Cacela Velha pertence a um Algarve onde o mar, a Ria Formosa e a terra são um todo.
Uma das maiores comunidades de cavalos-marinhos do mundo vive na Ria Formosa
Quando em 2001 a bióloga canadiana Janelle Curtis aterrou em Olhão para averiguar o estado da população das espécies de cavalos-marinhos existentes no Mediterrâneo e Atlântico, nem queria acreditar que tinha encontrado o local ideal para estudar estes animais.