Fomos explorar a Comporta, a coqueluche de Portugal que tantas páginas tem enchido de publicações de turismo nacionais e internacionais. O que tem, afinal, de tão especial esta pacata aldeia alentejana? Fomos saber.
Dirigimo-nos à Comporta por Sul, percorrendo a Estrada Nacional 253 desde Alcácer do Sal. Fomos ‘dar a volta’, como se diz por aqui. São 26 quilómetros de estrada com pinhal de ambos os lados e com vista para o rio Sado e por vastos campos de arrozais. Estamos em plena Reserva Natural do Estuário do Sado e já se nota a ainda pouca intervenção do homem na região.
Também pode chegar à Comporta vindo por Setúbal e atravessando o ferryboat no rio Sado. Por esta via também é brindado pela natureza. Tem como destino Tróia, com a Serra da Arrábida à direita e os golfinhos por companhia no Sado. Depois, de Tróia à Comporta, são cerca de 15 quilómetros.
A Comporta é uma pequena e pacata aldeia alentejana do concelho de Alcácer do Sal, mas é cada vez mais o centro de interesse de elites nacionais e internacionais que a procuram para uns dias plenos de relaxamento. São cada vez mais os ricos que querem trocar a azáfama da vida luxuosa pelo chinelo no pé e a descontração da vida na praia. E com as elites a premiarem o local, o turismo tem crescido a olhos vistos, sobretudo no verão. Já no inverno a pacatez volta a esta terra.
O conhecido designer de sapatos Christian Louboutin tem casa na região há anos e planeia agora abrir um hotel de charme mais abaixo, em Melides. A cantora Madonna gosta de passear a cavalo pelos vastos areais – entre Tróia e Melides há 42 quilómetros de praias. O designer francês Philippe Starck tem casa entre o Pego e o Carvalhal e gosta de se passear de bicicleta. A lista de personalidades é cada vez maior. E quem conhece a zona desde sempre percebe porquê. É um verdadeiro paraíso à beira mar plantado e ainda pouco intervencionado.
Com todo este charme, a revista Forbes já apontou a Comporta como o novo grande destino de praia que vai assumir o papel que os Hamptons tiveram nos anos 70: o local para onde os muito, muito ricos vão passar uns dias como se não tivessem dinheiro nenhum, onde os sapatos Louboutin são substituídos pelos chinelos, apesar de Louboutin ter lá casa, como já dissemos.
Mas o que é que tem a Comporta, afinal? Belíssimas praias, excelente gastronomia, oferta de luxo a nível turístico e um contacto com uma ruralidade que pouco se encontra em zonas tão turisticamente apetecíveis. Aliás, temos de referir, quando falamos da Comporta não falamos apenas da aldeia em si, mas várias pequenas localidades circundantes que oferecem o que de melhor têm: Carrasqueira, Carvalhal, Torre, Pego… a oferta é diversa.
Quando fazemos este percurso de entrada por Sul, cerca de 2 quilómetros antes, encontra-se precisamente a Carrasqueira, um local de encontro com as vivências e tradições desta região tão bem posicionada. Aqui, uma povoação pesqueira tem o maior cais palafítico da Península Ibérica, sendo uma das maiores atrações da região. Este porto, construído nas décadas de 50 e 60 do século XX, é considerado uma obra prima, já que assenta em aparentemente frágeis estacas de madeira.
O porto palafita é o suporte da faina do mar destas gentes e apresenta uma precária e labiríntica rede de passadiços enterrada no lodo do sapal que se liga ao rio Sado. As embarcações ora baloiçam na água com a maré cheia, ora assentam no lodo quando a maré está baixa. Tente visitá-lo por altura da maré baixa. É muito interessante ver os barcos todos no lamaçal e os inúmeros animais – sobretudo caranguejos – que vivem neste sapal numa verdadeira azáfama.
Aproveitamos para lhe dizer que almoçar, petiscar ou jantar na Carrasqueira é uma excelente opção. Tem aqui o melhor que o mar oferece, tanto de peixe como de mariscos, a preços mais razoáveis do que na própria Comporta. Amêijoas, lingueirão, peixe grelhado, feijoada de buzinas… nem vai saber o que escolher, garantimos.
Feita esta primeira paragem, prosseguimos pela EN253 para a Comporta. A aldeia destaca-se pela sua simplicidade de casario alentejano habitado por ofertas de restauração, lojas e serviços turísticos de grande qualidade, paredes meias com grupos de locais a conversar sobre a vida abrigados numa sombra fresca. Aqui, é obrigatória a visita à Casa da Cultura, um espaço onde vive uma mostra do melhor artesanato da região. Lá pode ver e comprar calçado feito à sua frente, adquirir as famosas tábuas de cozinha personalizadas ou até algumas obras de arte inspiradas nesta região junto ao mar plantada.
Ainda na Comporta, pode visitar o Museu do Arroz, um espaço museológico onde se conta a história deste modo de vida que alimenta há muito a região. As instalações situam-se numa antiga fábrica de descasque de arroz, datada de 1952, altura do início do descasque na Comporta. Está localizado junto ao restaurante que tem o mesmo nome, entre o centro e a praia da Comporta. Aliás, se olhar bem à sua volta, os campos de arroz encontram-se um pouco por todo o lado. O arroz semeia-se tradicionalmente nos meses de abril e maio e colhe-se a partir de setembro, o que significa que é precisamente no verão que vai encontrar campos verdes com esta plantação.
E rapidamente pode passar de uma paisagem de campos de arroz para uma paisagem de praia paradisíaca. Em poucos minutos. Subindo a breve estrada de terra batida que sai da via nacional abre-se toda uma nova vista. Chegámos à praia da Comporta. Extensos areais, águas límpidas e transparentes e a companhia de golfinhos que passam aqui muito perto da praia no seu trajeto diário são apenas algumas das suas caraterísticas irresistíveis.
Mas quem fala na praia da Comporta pode dizer o mesmo das outras que aqui se avizinham: Torre, Brejos, Carvalhal e Pego. O areal é o mesmo. As praias da Comporta, Carvalhal e Pego possuem a Bandeira Azul por assegurarem o cumprimento de um conjunto de critérios de natureza ambiental, de segurança, de conforto dos utentes, e de informação e sensibilização ambiental.
Mas não é só pela boa praia que se distingue esta zona. As inúmeras experiências maravilhosas que aqui se podem viver vão fazê-lo querer voltar uma e outra vez. Desde fazer yoga na praia, a andar de cavalo com o mar a salpicar-lhe o corpo ou um piquenique em locais de difícil acesso, são experiências que convidam ao contacto com o seu eu e com a natureza, e sem a azáfama das muitas ofertas turísticas habitualmente cheias de pessoas. Aqui privilegia-se o real desfrutar de tudo. Que o diga Madonna – a cantora, essa mesma – que se tornou numa das maiores embaixadoras da Cavalos na Areia, a empresa que possibilita que percorra estes extensos areais vizinhos do Atlântico.
Para uma maior introspeção, pode optar por fazer uma sessão de yoga na praia, possibilidade esta que acontece apenas no verão. No meio de uma floresta de pinheiros, com campos de arroz verde brilhante no seu horizonte, terminando com infinitas dunas de areia e uma bela vista para o mar. É assim que pode relaxar e estar consigo próprio através do Comporta Yoga Shala. Pode fazer aulas em grupo ou privadas.
Na realidade, a Comporta oferece estes serviços personalizados que fazem com que cada um se sinta especial. Seja a andar a cavalo, a fazer yoga a olhar para o mar ou a fazer um piquenique exclusivo em local de difícil acesso, mas de vista deslumbrante e única. Não é de admirar, pois, que todo este charme encante cada vez mais dentro e fora de portas. Quem é que não gosta de se sentir especial num lugar especial? Aqui é isso que lhe é oferecido.
Comporta, a terra dos arrozais e das praias paradisíacas
Uma hora é o tempo que separa Lisboa da Comporta, a antiga aldeia de pescadores e terra de arrozais que se transformou no paraíso hippie-chic das elites. Repleto de praias de areia branca e fina e águas azuis cristalinas, este é o destino de eleição de muitos e ilustres famosos.