Magazine Natureza Ilhas desertas em Portugal para escapar às multidões

Ilhas desertas em Portugal para escapar às multidões

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Lago do Alqueva
Lago do Alqueva. Por Carlos Neto

Quando falamos de Portugal insular pensamos imediatamente no arquipélago da Madeira, com a ilha da Madeira, Porto Santo, as Desertas e as Selvagens, e no arquipélago dos Açores, que inclui nove ilhas: São Miguel, Santa Maria, Terceira, Graciosa, São Jorge, Pico, Faial, Flores e Corvo. Mas existem mais ilhas e ilhéus no nosso país que talvez tivesse dificuldade em apontá-los num mapa.

Longe das multidões que acorrem às ilhas mais turísticas no verão em busca de praia e sol, estas são pequenas ilhas ou ilhéus em rios, albufeiras ou no oceano Atlântico, que preservam a sua natureza intacta e ainda conseguem manter-se resguardadas do turismo massivo.

De difícil acesso e quase sem estabelecimentos de apoio, como hotéis, bares e restaurantes, são lugares para os verdadeiros aventureiros que procuram a tranquilidade e o sossego que estes pequenos paraísos podem oferecer.

Descubra 10 ilhas e ilhéus em Portugal que são um autêntico refúgio do mundo.

1. Ilha do Castelo (Castelo de Paiva)

Ilha dos Amores
Ilha do Castelo. Fonte: Município de Castelo de Paiva

Esta pequena ilha de 29 metros de altura e apenas 140 metros quadrados situa-se na interseção do rio Douro com o rio Paiva. Também é conhecida como ilha dos Amores por causa da lenda de um romance proibido entre um jovem lavrador e uma nobre fidalga. Apesar do desfecho trágico da história, a ilha continua a atrair casais apaixonados que procuram um lugar especial para o pedido de casamento ou uma sessão fotográfica. 

Apesar das dimensões reduzidas, aqui terá existido um castelo que deu nome à ilha e à própria vila onde se encontra, Castelo de Paiva. Atualmente, é um oásis de plantas rasteiras e árvores altas e imponentes, como carvalhos, oliveiras, freixos, juncos e tamargueiras. 

Classificada como Imóvel de Interesse Público em 1977, o acesso à ilha do Castelo é feito de canoa ou a bordo das embarcações de empresas locais de passeios fluviais, que operam a partir da praia fluvial do Castelo.

Uma ilha misteriosa no meio do Douro

Foi no lugar onde o rio Paiva e o rio Douro se encontram que nasceu a lenda de um amor secreto que ficou para sempre eternizado na Ilha dos Amores. É no concelho de Castelo de Paiva, a menos de 60 quilómetros do Porto, que encontramos este pequeno pedaço de terra com 29 metros de altitude e 140 metros quadrados, também conhecido como Ilha do Outeiro ou Ilha do Castelo.

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2. Ilha do Pessegueiro (Sines)

Ilha do Pessegueiro
Ilha do Pessegueiro. Por Lukasz Janyst

Se for visitar a ilha do Pessegueiro à procura da árvore de fruto vai ficar desiludido, porque na realidade esta pequena ilha ao largo da freguesia de Porto Covo, na costa alentejana, guarda apenas vestígios de uma velha muralha e de um porto romano. O nome dado a esta ilha terá nascido de um equívoco de tradução, a partir das palavras latinas piscatorius ou piscarium, associadas aos vestígios dos tanques de salga da época romana. Outra versão refere a existência, em frente, de uma antiga fortificação chamada Pessegueiro.

A ilha do Pessegueiro era também um refúgio de piratas. Conta uma das lendas locais que chegaram à ilha piratas vindos do norte de África, que ali só encontraram um eremita, decidido a defender a capela à sua guarda e a impedir o seu próprio cativeiro. Os piratas mataram o eremita, saquearam a capela e atiraram para um silvado a arder a imagem da Virgem e depois partiram. Quando os habitantes de Porto Covo chegaram à ilha procuraram a imagem e descobriram-na intacta, colocando-a numa outra ermida, que passaria a ser conhecida por Capela da Nossa Senhora Queimada.

É possível fazer uma visita guiada à ilha do Pessegueiro de junho a setembro em barcos que saem de Porto Covo.

Em Porto Covo com vista para a ilha do Pessegueiro

De acordo com a célebre canção de Rui Veloso, “havia um pessegueiro na ilha”. Mas quem for visitar a ilha do Pessegueiro à procura da famosa árvore de fruto vai ficar desiludido, porque na realidade esta pequena ilha ao largo da freguesia de Porto Covo, na costa alentejana, guarda apenas vestígios de uma velha muralha e de um porto romano.

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3. Ilha Dourada (Reguengos de Monsaraz)

Lago do Alqueva
Lago do Alqueva. Por Carlos Neto

A construção da barragem do Alqueva veio transformar por completo a paisagem do Alentejo e deu origem ao maior reservatório artificial de água da Europa Ocidental. Este, que é considerado o maior lago artificial da Europa, abrange cinco concelhos do Alentejo: Portel, Moura, Reguengos de Monsaraz, Mourão e Alandroal, e ainda os municípios raianos de Olivença, Cheles, Alconchel e Villanueva del Fresno.

Das mais de quatro centenas de ilhas da albufeira do Alqueva, a selvagem ilha Dourada é a única que oferece uma praia natural com areia dourada, daí o seu nome. Está rodeada por um espelho de água transparente e quente, com uma temperatura que atinge os 30ºC no verão.

Para chegar à ilha, pode deslocar-se até à praia fluvial de Monsaraz de onde partem os barcos que fazem a viagem até à ilha. Em cerca de 30 minutos chega até este paraíso, onde encontrará silêncio, areia macia, águas calmas e quentes. Os passeios mais breves duram cerca de 1h30, com uma hora de navegação de ida e volta e 30 minutos na ilha. Outros passeios incluem lanche ou almoço e permitem desfrutar melhor da viagem.

Os mais aventureiros podem remar de canoa ou caiaque ou chegar até à ilha de prancha de stand up paddle. Outra opção divertida são as gaivotas com escorrega que pode alugar na praia fluvial.

Um mergulho no Grande Lago do Alqueva

Atualmente, existem cinco praias fluviais no Alqueva, quatro em Portugal e uma em Espanha. Uma outra praia fluvial, a praia fluvial de Azenhas D’ El Rei, vai nascer na localidade de Monte Juntos, na freguesia de Capelins (Santo António), no concelho do Alandroal. Estas são óptimas opções para quem quer dar um mergulho nas águas do Guadiana e escapar ao calor alentejano.

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4. Ilhéu de Vila Franca do Campo (São Miguel)

Ilhéu de Vila Franca
Ilhéu de Vila Franca do Campo. Por Quentin

Esta cratera semi-submersa de um vulcão extinto esconde dentro um pequeno paraíso. Situado em frente à povoação de Vila Franca do Campo, a cerca de um quilómetro da costa, o ilhéu de Vila Franca é considerado uma das principais atrações turísticas da ilha de São Miguel, nos Açores.

Classificado como Reserva Natural, tem as paredes da sua cratera revestidas por uma vegetação endémica, enquanto no seu interior existe uma piscina natural com uma forma quase perfeitamente circular, que comunica com o mar por uma estreita passagem. Esta abertura é designada por Boquete e está voltada a Norte, isto é, na direção da costa da ilha, o que impede a entrada da agitação marítima para o interior. As suas águas cristalinas e a pequena praia são excelentes para a prática de mergulho e snorkeling.

Atualmente, os bordos da cratera compreendem dois ilhéus, o ilhéu Pequenino, situado na costa nordeste, e o Ilhéu Grande, que constitui a maior estrutura emergente. A sul do ilhéu erguem-se dois rochedos vulcânicos, curiosamente corroídos pelo mar e ventos, que servem de abrigo às muitas aves marinhas que visitam o ilhéu, como cagarros, garajaus, entre outros.

Pode avistá-lo a partir de Vila Franca do Campo durante todo o ano, mas as visitas só são possíveis entre junho e outubro, época em que diariamente os barcos partem do cais de Tagarete, de hora em hora, para uma viagem de 10 minutos. Por ser um local de conservação de espécies, a entrada é limitada a 400 pessoas por dia.

5. Ilhéu das Cabras (Terceira)

Ilhéu das Cabras
Ilhéu das Cabras. Por Diego Delso

O ilhéu das Cabras está localizado na costa sul da ilha Terceira, no arquipélago dos Açores. Considerado o maior ilhéu dos Açores, as duas ilhotas que constituem o ilhéu das Cabras estão aproximadamente a 15 minutos do porto de Angra do Heroísmo. A melhor época para visitar é no verão, com passeios de barcos até ao local, havendo restrição ao número de visitantes.

Nesta área é possível observar várias espécies de aves que fizeram do local o seu habitat, de entre elas o cagarro, o garajau-comum, o garajau-rosado, a garça-real ou a gaivota e outras.

Uma boa opção para explorar o ilhéu das Cabras é fazer snorkeling e assim poder conhecer de perto as várias espécies de fauna marinha que ali habitam e recebem proteção especial. Também poderá visitar a Gruta do Ilhéu das Cabras, também conhecida como Gruta dos Ratões, onde o mergulho na caverna é a principal atração, sendo possível observar um grande número de espécies marinhas no seu interior.

6. Ilha da Boega (Vila Nova de Cerveira)

Ilha da Boega
Ilha da Boega. Por Vitor Oliveira

A ilha da Boega, em Vila Nova de Cerveira, tem uma curiosa forma. Vista do alto do Monte da Senhora da Encarnação, em Gondarém, esta pequena ilha parece um coração verdejante em pleno rio Minho.

Com cerca de 1400 metros de comprimento por 400 metros de largura, a ilha da Boega resulta da acumulação dos sedimentos arrastados pelo rio e da sua posterior cobertura por vegetação herbácea. A ilha é orlada por uma linha de árvores (amieiros, salgueiros e acácias), e o seu interior está forrado com gramíneas, utilizadas para pastagens.

Para visitar a ilha da Boega poderá subir a bordo de um barco solar e fazer o “Cruzeiro das Ilhas”. O percurso decorre entre Vila Nova de Cerveira e Lanhelas, com passagem pelas ilhas da Boega e dos Amores, onde muitas aves encontram o seu refúgio natural, como por exemplo, a garça-real, o milhafre-preto e o pato-real. A partir do rio vêem-se as aldeias portuguesas de Gondarém e Lanhelas e as localidades espanholas de Goian e Eiras. A viagem tem uma duração de 50 minutos.

7. Ilha Deserta Grande (Madeira)

Ilha Deserta Grande
Ilha Deserta Grande. Por Jimfbleak

A Deserta Grande é a maior ilha do sub-arquipélago das ilhas Desertas, parte integrante da Região Autónoma da Madeira. Nesta ilha, tal como nas outras duas que compõem as Desertas, existem vários animais e plantas únicos, razão pela qual é uma prioridade preservar este valioso património natural. 

Com uma área de cerca de mil hectares, a ilha está dividida em duas partes, assumindo a Norte o estatuto de reserva parcial e a Sul reserva integral, sendo proibida a navegação.

A Deserta Grande é a única das três ilhas que possui uma pequena nascente que só se encontra constante no inverno. Contudo, a colonização da ilha não foi possível devido às dificuldades de acesso, por causa das suas arribas escarpadas.

Se visitar a Deserta Grande, poderá avistar duas das espécies presentes na ilha: a ave marinha alma-negra, constituindo a maior colónia do Atlântico, e a tarântula-das-Desertas ou aranha-lobo das Desertas, uma aranha endémica. Também é possível encontrar na ilha a foca-monge-do-mediterrâneo.

8. Ilha Selvagem Grande (Madeira)

Ilha Selvagem Grande
Ilha Selvagem Grande. Por Wiki brain

A ilha Selvagem Grande também faz parte do arquipélago da Madeira e é a maior das ilhas Selvagens, que inclui também a ilha Selvagem Pequena e o ilhéu de Fora, entre outros ilhéus mais pequenos.

As encostas da ilha são escarpadas, com algumas grutas. O ponto mais elevado é o Pico da Atalaia, com cerca de 163 metros de altura. Desde aí, em dias de boa visibilidade, consegue-se avistar, a sul, os 3718 metros do Pico de Teide, na ilha de Tenerife, nas Canárias.

Das ilhas Selvagens, a Selvagem Grande é a única ilha que é habitada durante todo o ano por dois vigilantes da natureza, dois elementos da Polícia Marítima e um elemento da Capitania do Funchal.

Na fauna da Selvagem Grande destacam-se várias aves, como alma-negra, pintainho, roquinho, garajau-rosado, corre-caminho, calca-mar e cagarras. Estes dois últimos foram alvo de caça ilegal. De assinalar, também, uma espécie endémica de osga, a Tarentola boettgeri bischoffi.

O acesso à ilha é restrito, por isso os interessados em visitar as ilhas devem requerer previamente uma autorização especial ao Parque Natural da Madeira.

9. Ilha de Almourol (Vila Nova da Barquinha)

Ilha de Almourol
Ilha de Almourol. Por Freesurf

Não podemos falar da ilha de Almourol sem falar do castelo que ocupa grande parte desta pequena ilha situada no rio Tejo. Localizada na freguesia da Praia do Ribatejo, no concelho de Vila Nova da Barquinha, a ilha tem 310 metros de comprimento e 75 metros de largura.

O Castelo de Almourol é um dos monumentos militares medievais mais emblemáticos e cenográficos da Reconquista Cristã, sendo, simultaneamente, um dos que melhor evoca a memória dos Templários no nosso país.

As origens da ocupação deste local são bastante antigas e, por isso mesmo, enigmáticas. Há historiadores que acreditam que ali existia um primitivo reduto lusitano, ou pré-romano, posteriormente conquistado por estes, e com períodos de ocupação ao longo de toda a Alta Idade Média. De qualquer forma, em 1129, data da conquista deste ponto pelas tropas lusitanas, o castelo já existia e denominava-se Almorolan.

Poderá visitar a ilha e o castelo de Almourol e o Centro de Interpretação Templário, que fica no Centro Cultural de Vila Nova da Barquinha, todos os dias, exceto às segundas-feiras. O bilhete tem o custo de 4 euros.

10. Ilha da Ínsua (Caminha)

Ilha da Ínsua
Ilha da Ínsua. Por Joseolgon

A Ínsua é uma pequena ilha localizada junto à foz do rio Minho, em Caminha. Apesar de ter cerca de 200 metros de comprimento máximo (em maré baixa será um pouco maior), a ilha da Ínsua tem um bonito forte, ruínas de um mosteiro e uma praia de areia branca. É uma ilha granítica, praticamente sem elevação, que fica a cerca de 300 metros da costa.

A forma mais fácil de ir até à ilha da Ínsua é de barco-táxi, que parte da praia do Camarido, junto ao Restaurante Forte de Ínsua. A proximidade da ilha faz com que esta viagem dure cerca de 10 minutos.

Outra opção, para os mais aventureiros, é ir de caiaque ou de stand up paddle. Mas atenção, trata-se de mar aberto e é uma zona conhecida por fortes correntes, por isso, é uma opção apenas aconselhável a quem tem prática e resistência física.

Há alguns anos, o Forte de Ínsua foi concessionado à empresa de atividades turísticas DiverMinho e, por isso, só poderá visitar o seu interior se fizer a visita guiada através desta empresa. Existe ainda a possibilidade de fazer um escape room dentro do forte, organizado também pela DiverMinho e com um custo de 24 euros por pessoa.

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